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Formigamento
09 de March de 2017

Formigamento

  • Sinais e Sintomas

Quantas vezes você já não ouviu alguém dizer: “meu pé dormiu” ou “minhas mãos estão formigando”? Clinicamente, estes sintomas são conhecidos como parestesias, e ocupam a listas dos principais sintomas relatados em uma consulta médica.

Dormência e Formigamento

Embora dormência e formigamento costumem ser usados como sinônimos, existe uma sutil diferença entre eles. Enquanto na dormência ocorre a perda quase completa da sensibilidade em determinada região do corpo, no formigamento a sensibilidade está apenas pouco diminuída, mas acompanhada da sensação de pressões puntiformes, como se fossem picadas de agulhas ou formigas andando sobre a pele.

Causas

O formigamento frequentemente está associado à compressão mecânica transitória de um nervo. Por exemplo, quando sentamos com as pernas cruzadas por muito tempo, ou quando dormimos por cima do nosso braço, é natural que fiquemos com a perna ou o braço formigando. Mas, após alguns minutos, a sensibilidade retorna completamente ao normal. Esta situação não requer preocupações nem cuidados especiais e, por isso, pode ser considerada como uma parestesia transitória benigna.

Quando o sintoma persiste por mais tempo (acima de 30-60 minutos já é motivo de preocupação), deve-se considerar a possibilidade de uma parestesia patológica, isto é, aquela causada por uma doença. Neste caso, o médico deve ser procurado para que se determine o problema causador.

  • Em 30% destes casos, a causa é a neuropatia diabética, uma complicação frequente e temida do diabete melito, na qual os nervos são danificados pelo excesso de açúcar no sangue;
  • Em 20%, a parestesia ocorre nos casos de transtornos agudos de ansiedade, como somatização de uma doença mais grave, como infarto do miocárdio ou AVC;
  • A outra metade dos casos divide-se de forma relativamente igual entre causas:
    • Neurológicas (Síndrome do Túnel do Carpo, paralisia de nervo periférico, hérnia de disco);
    • Carenciais (déficit de vitaminas do grupo B, alcoolismo);
    • Sistêmicas (vasculite, câncer, hipotireoidismo);
    • Infecciosas (Herpes-zoster, HIV, citomegalovírus);
    • Autoimunes (polineuropatia desmielinizante, lúpus e artrite reumatoide).

Como é feito o Diagnóstico?

Características como tempo de surgimento (se horas ou dias), duração (se contínua ou intermitente) e localização (se apenas uma mão ou ambos os pés e ambas as mãos) ajudam o médico a localizar o grupo ao qual pertence a causa. Manobras de exame físico e alguns exames complementares (sangue, líquor, ressonância magnética, eletroneuromiografia e, às vezes, até a biópsia de pele e do nervo) ajudam na elucidação precisa da causa.

Como tratar?

O sucesso do tratamento depende do diagnóstico correto da causa. Via de regra, não se trata a parestesia, mas sim a sua causa. No caso da neuropatia periférica, por exemplo, o controle adequado da glicemia reduz a progressão do dano ao nervo e diminui o formigamento. Nas somatizações, excluídas as condições mimetizadas pela parestesia, deve-se intervir na redução dos níveis de ansiedade. Nas carências vitamínicas, a sua suplementação normaliza a condução do estímulo nervoso e acaba com as parestesias. Orientações gerais, tais como manter o peso ideal, dieta balanceada, reduzir o consumo de álcool e evitar o cigarro surtem efeitos extremamente benéficos nos casos de formigamento, seja por diminuírem o dano ao nervo, seja por aumentarem o aporte de oxigênio à região comprometida.

Conclusão

Embora muitas vezes o formigamento tenha um caráter extremamente benigno, com remissão espontânea, outras ele pode ser a consequência de um problema mais sério, que requeira a devida atenção e tratamento médico.

Dr. Adriano Brandão
CRM 17.468/PR