Cerca de 200 milhões de mulheres no mundo convivem com a endometriose, uma doença que, além de atingir diretamente o seu bem-estar, tem também repercussões em sua vida profissional, conjugal e social, bem como nos planos futuros para sua família.
O que é o endométrio?
O endométrio é o revestimento interno do útero e tem a função de acolher e nutrir o embrião no início da gravidez. Caso não haja fecundação, ele descama e é expelido pela vagina, processo conhecido como menstruação.
O que é a endometriose?
A endometriose é a doença causada pela presença do tecido endometrial fora do seu lugar natural. Este tecido pode sangrar, causando os sintomas da doença e, com o tempo, uma reação inflamatória crônica.
Quais os locais mais frequentes?
Os implantes endometriais ectópicos (isto é, fora do lugar) costumam ocorrer na superfície externa do útero, nas trompas, nos ovários, na bexiga e no intestino. Em casos mais raros, podem ocorrer em órgãos distantes, como fígado ou pulmões.
Quando ela surge?
A endometriose é uma doença relacionada à menstruação. Assim, ela pode surgir a qualquer momento entre a menarca (primeira menstruação) até a menopausa (cessação das menstruações). Antigamente, costumava-se dizer que era uma doença de mulheres acima dos 30 anos. Na verdade, o que muitas vezes ocorre é o atraso diagnóstico (o diagnóstico ocorre por volta dos 30, mas a doença já se iniciou bem antes.
Quais são os sintomas da endometriose?
Algumas mulheres são assintomáticas, e isto contribui muito para o atraso diagnóstico, permitindo que a doença se torne mais invasiva e cause lesões nas trompas e nos ovários que podem levar à esterilidade.
Os dois principais sintomas da endometriose são a dor pélvica e a infertilidade.
A dor pélvica acontece por causa do efeito irritativo do sangue sobre os tecidos com que entra em contato. Ela pode ocorrer:
A infertilidade é o resultado das lesões a longo prazo da endometriose. A dificuldade para engravidar decorre principalmente por conta do tecido cicatricial sobre o ovário e as trompas. Em grávidas, porém, a endometriose não ameaça a gravidez, e normalmente há melhoras dos sintomas.
Sintomas menos frequentes podem ocorrer quando os implantes endometriais estão em locais mais raros, por exemplo sangramento nasal (epistaxe), tosse com sangue (hemoptise) e evacuação com sangue (hematoquezia).
Como se faz o diagnóstico?
O diagnóstico é feito em três etapas. A primeira envolve considerar a possibilidade da doença, através de sintomas de dor pélvica, sangramento nas fezes ou na urina e dificuldade para engravidar. Neste momento, deve-se procurar o médico.
Na segunda etapa, o médico, através da história, do exame físico e de alguns exames (ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e ressonância magnética de pelve) vai determinar a probabilidade da doença.
Para a confirmação da doença, na terceira etapa, mulheres com alta probabilidade são submetidas a uma videolaparoscopia para visualização direta dos implantes endometriais, que são retirados e enviados para biópsia.
Qual a classificação da endometriose?
A classificação da doença é feita em leve, moderada ou grave, de acordo com os achados macroscópicos da laparoscopia. É importante observar que existe uma dissociação Lesão x Sintoma, ou seja, a mulher pode ter uma lesão leve com sintomas intensos ou vice-versa.
Tem tratamento?
O tratamento depende da presença e da intensidade dos sintomas e da vontade de engravidar no futuro. Medicamentos e terapias complementares (como acupuntura e dietas especiais) podem ser usados para o controle da dor e a cirurgia fica reservadas para os casos refratários aos medicamentos e para as mulheres que desejam tratar a infertilidade também.
Endometriose não tem cura! De acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, ela deve ser vista como uma doença crônica que requer um planejamento de maximizar o uso do tratamento clínico e evitar procedimentos cirúrgicos de repetição.
Conclusão
A endometriose é uma doença que causa muito sofrimento na vida da mulher. Como não tem cura, é fundamental fazer o diagnóstico precocemente. O rápido início do tratamento é a forma mais adequada de aliviar os sintomas.
Dr. Adriano Brandão
CRM 17.468/PR